domingo, 27 de fevereiro de 2011

MENSAGEM DO SANTO PADRE BENTO XVI PARA A QUARESMA 2011




MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
PAPA BENTO XVI
PARA A QUARESMA DE 2011

«Sepultados com Ele no baptismo,
foi também com Ele que ressuscitastes» (cf. Cl 2, 12)



Amados irmãos e irmãs!

A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é para a Igreja um tempo litúrgico muito precioso e importante, em vista do qual me sinto feliz por dirigir uma palavra específica para que seja vivido com o devido empenho. Enquanto olha para o encontro definitivo com o seu Esposo na Páscoa eterna, a Comunidade eclesial, assídua na oração e na caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para haurir com mais abundância do Mistério da redenção a vida nova em Cristo Senhor (cf. Prefácio I de Quaresma).

1. Esta mesma vida já nos foi transmitida no dia do nosso Baptismo, quando, «tendo-nos tornado partícipes da morte e ressurreição de Cristo» iniciou para nós «a aventura jubilosa e exaltante do discípulo» (Homilia na Festa do Baptismo do Senhor, 10 de Janeiro de 2010). São Paulo, nas suas Cartas, insiste repetidas vezes sobre a singular comunhão com o Filho de Deus realizada neste lavacro. O facto que na maioria dos casos o Baptismo se recebe quando somos crianças põe em evidência que se trata de um dom de Deus: ninguém merece a vida eterna com as próprias forças. A misericórdia de Deus, que lava do pecado e permite viver na própria existência «os mesmos sentimentos de Jesus Cristo» (Fl 2, 5), é comunicada gratuitamente ao homem.

O Apóstolo dos gentios, na Carta aos Filipenses, expressa o sentido da transformação que se realiza com a participação na morte e ressurreição de Cristo, indicando a meta: que assim eu possa «conhecê-Lo, a Ele, à força da sua Ressurreição e à comunhão nos Seus sofrimentos, configurando-me à Sua morte, para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos» (Fl 3, 1011). O Baptismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do baptizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo.

Um vínculo particular liga o Baptismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva. Os Padres do Concílio Vaticano II convidaram todos os Pastores da Igreja a utilizar «mais abundantemente os elementos baptismais próprios da liturgia quaresmal» (Const. Sacrosanctum Concilium, 109). De facto, desde sempre a Igreja associa a Vigília Pascal à celebração do Baptismo: neste Sacramento realiza-se aquele grande mistério pelo qual o homem morre para o pecado, é tornado partícipe da vida nova em Cristo Ressuscitado e recebe o mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos (cf. Rm 8, 11). Este dom gratuito deve ser reavivado sempre em cada um de nós e a Quaresma oferece-nos um percurso análogo ao catecumenato, que para os cristãos da Igreja antiga, assim como também para os catecúmenos de hoje, é uma escola insubstituível de fé e de vida cristã: deveras eles vivem o Baptismo como um acto decisivo para toda a sua existência.

2. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus? Por isso a Igreja, nos textos evangélicos dos domingos de Quaresma, guia-nos para um encontro particularmente intenso com o Senhor, fazendo-nos repercorrer as etapas do caminho da iniciação cristã: para os catecúmenos, na perspectiva de receber o Sacramento do renascimento, para quem é baptizado, em vista de novos e decisivos passos no seguimento de Cristo e na doação total a Ele.

O primeiro domingo do itinerário quaresmal evidencia a nossa condição do homens nesta terra. O combate vitorioso contra as tentações, que dá início à missão de Jesus, é um convite a tomar consciência da própria fragilidade para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo, caminho, verdade e vida (cf. Ordo Initiationis Christianae Adultorum, n. 25). É uma clara chamada a recordar como a fé cristã implica, a exemplo de Jesus e em união com Ele, uma luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso» (Ef 6, 12), no qual o diabo é activo e não se cansa, nem sequer hoje, de tentar o homem que deseja aproximar-se do Senhor: Cristo disso sai vitorioso, para abrir também o nosso coração à esperança e guiar-nos na vitória às seduções do mal.

O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt 17, 1), para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça deDeus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5). É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb 4, 12) e reforça a vontade de seguir o Senhor.

O pedido de Jesus à Samaritana: «Dá-Me de beber» (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da «água a jorrar para a vida eterna» (v. 14): é o dom do espírito Santo, que faz dos cristãos «verdadeiros adoradores» capazes de rezar ao Pai «em espírito e verdade» (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, «enquanto não repousar em Deus», segundo as célebres palavras de Santo Agostinho.

O domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: «Tu crês no Filho do Homem?». «Creio, Senhor» (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como «filho da luz».

Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último mistério da nossa existência: «Eu sou a ressurreição e a vida... Crês tu isto?» (Jo 11, 25-26). Para a comunidade cristã é o momento de depor com sinceridade, juntamente com Marta, toda a esperança em Jesus de Nazaré: «Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (v. 27). A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele. A fé na ressurreição dos mortos e a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência: Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da luz da fé todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança.

O percurso quaresmal encontra o seu cumprimento no Tríduo Pascal, particularmente na Grande Vigília na Noite Santa: renovando as promessas baptismais, reafirmamos que Cristo é o Senhor da nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou quando renascemos «da água e do Espírito Santo», e reconfirmamos o nosso firme compromisso em corresponder à acção da Graça para sermos seus discípulos.

3. O nosso imergir-nos na morte e ressurreição de Cristo através do Sacramento do Baptismo, estimula-nos todos os dias a libertar o nosso coração das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a «terra», que nos empobrece e nos impede de estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo. Em Cristo, Deus revelou-se como Amor (cf 1 Jo 4, 7-10). A Cruz de Cristo, a «palavra da Cruz» manifesta o poder salvífico de Deus (cf. 1 Cor 1, 18), que se doa para elevar o homem e dar-lhe a salvação: amor na sua forma mais radical (cf. Enc. Deus caritas est, 12). Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo. O Jejum, que pode ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31).

No nosso caminho encontramo-nos perante a tentação do ter, da avidez do dinheiro, que insidia a primazia de Deus na nossa vida. A cupidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja, especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha. A idolatria dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida. Como compreender a bondade paterna de Deus se o coração está cheio de si e dos próprios projectos, com os quais nos iludimos de poder garantir o futuro? A tentação é a de pensar, como o rico da parábola: «Alma, tens muitos bens em depósito para muitos anos...». «Insensato! Nesta mesma noite, pedir-te-ão a tua alma...» (Lc 12, 19-20). A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia.

Em todo o período quaresmal, a Igreja oferece-nos com particular abundância a Palavra de Deus. Meditando-a e interiorizando-a para a viver quotidianamente, aprendemos uma forma preciosa e insubstituível de oração, porque a escuta atenta de Deus, que continua a falar ao nosso coração, alimenta o caminho de fé que iniciámos no dia do Baptismo. A oração permitenos também adquirir uma nova concepção do tempo: de facto, sem a perspectiva da eternidade e da transcendência ele cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um horizonte que não tem futuro. Ao contrário, na oração encontramos tempo para Deus, para conhecer que «as suas palavras não passarão» (cf. Mc 13, 31), para entrar naquela comunhão íntima com Ele «que ninguém nos poderá tirar» (cf. Jo 16, 22) e que nos abre à esperança que não desilude, à vida eterna.

Em síntese, o itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é «fazer-se conformes com a morte de Cristo» (Fl 3, 10), para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela acção do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo.

Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Baptismo. Renovemos nesta Quaresma o acolhimento da Graça que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas acções. Tudo o que o Sacramento significa e realiza, somos chamados a vivê-lo todos os dias num seguimento de Cristo cada vez mais generoso e autêntico. Neste nosso itinerário, confiemo-nos à Virgem Maria, que gerou o Verbo de Deus na fé e na carne, para nos imergir como ela na morte e ressurreição do seu Filho Jesus e ter a vida eterna.

Vaticano, 4 de Novembro de 2010



BENEDICTUS PP. XVI

DOMINGO VIII DO TEMPO COMUM




quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

NA MINHA PEQUENEZ ACEITA, SENHOR, LOUVORES DE HONRA E GLÓRIA, POR TÃO GRANDE OBRA-OS ARAUTOS DO EVANGELHO


O Carisma de um fundador
O fundador é um homem providencial capaz de discernir a oportunidade de um serviço necessário para o caminhar do povo de Deus. Ele considera o Carisma que a Providência lhe dá. Ele ama esse dom e o deseja. É ele quem aglutina almas em torno do Carisma e é quem mais o serve: ele é o primeiro, em tudo.

Foi o que aconteceu com Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias.

Ele teve sempre seus olhos postos naqueles que o “precederam com o sinal da Fé” e sonhava com a realização do cumprimento de sua vocação. Nessas circunstancias, a Providencia Divina colocou em sua alma a semente que fez gerar o fundador e o perfil de seu carisma.

Conhecendo esses desígnios, Monsenhor João os amou e desejou, mesmo em ocasiões difíceis. Consagrou-os a Nossa Senhora e advogou a urgente realização deles para a maior Glória dEla.

Rogou e pediu a Deus por isso: pediu muito. Pediu tanto que a Providencia logo fez com que seus desejos fossem realizados.

Com as bênçãos da Santa Igreja, o Santo Padre o Papa João Paulo II reconheceu esse novo carisma e erigiu os Arautos do Evangelho como Associação Internacional de Fiéis de Direito Pontifício. Era o dia 22 de fevereiro de 2001, comemoração da Cátedra de Pedro.

Nesse dia, há dez anos, o sonho de Monsenhor João tornou-se realidade.

Como afirmou o Cardeal Jorge Maria Mejía, em Missa no altar da Cátedra de Pedro: a Associação adquiriu “com a Cátedra de Pedro, com o centro da Igreja Católica, uma relação especial”. Os Arautos se tornaram o “braço do Papa”.

Com este vínculo íntimo e particular com o “Doce Cristo na Terra” e sob a orientação segura de seu Fundador, a obra dos Arautos não cessou de se expandir por dezenas de países. A compreensão cada vez maior do próprio carisma favoreceu novos desdobramentos dentro da sua família religiosa.

Entre outras alegrias dessa década, os Arautos do Evangelho viram seu Fundador Monsenhor João ser honrado pelo Papa Bento XVI com a condecoração “Pro Eclésia et Pontífice” e com o título de Cônego Honorário da Basílica Papal de Santa Maria Maior.

Por tudo isso, damos graças a Deus e à Santíssima Virgem.

Para o Fundador dos Arautos, até que isso acontecesse, foi preciso esperar contra todas as esperanças; foi indispensável pedir e rezar. Foi necessário admirar, crer, atrair, entusiasmar, arrastar almas para Deus... continuamente.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

DIÁRIO DE SANTA FAUSTINA


DIÁRIO DE SANTA FAUSTINA
CADERNO I-424-12.V.1935

À noite,mal me tinha deitado na cama, logo caí no sono; mas,assim como havia adormecido, mais depressa ainda fui acordada. Veio ter comigo uma Criancinha que me chamou. Pelo aspecto, essa Criança parecia ter um ano de idade. Admirei-me que conseguisse exprimir-se tão bem, pois as dessa idade, ou ainda não falam, ou só muito confusamente. Mas esta era indescitivelmente bela, semelhante ao Menino Jesus, e dirigiu-me estas palavras:-REPARA NO CÉU. Olhei , e observei as estrelas brilhantes e a lua. A criança perguntou-me:- VÊS A LUA E AS ESTRELAS? Respondi-lhe que sim e ela retorquiu-me estas palavras:-ESSAS ESTRELAS SÃO AS ALMAS DOS FIÉIS CRISTÃOS E A LUA , AS ALMAS RELIGIOSAS. REPARA QUE GRANDE DIFERENÇA EXISTE ENTRE A LUZ DA LUA E A DAS ESTRELAS; ASSIM TAMBÉM NO CÉU HÁ UMA GRANDE DIFERENÇA ENTRE A ALMA RELIGIOSA E A DE UM FIEL CRISTÃO. E disse-me mais, que:-A VERDADEIRA GRANDEZA ESTÁ NO AMOR A DEUS E NA HUMILDADE.
425
De súbito, tive a visão de uma certa alma que se estava a separar do corpo em terríveis tormentos(168C). Ó Jesus, quando me ponho a descrever isto, ainda toda eu tremo ao ver os horrores que contra ela testemunham...
Vi sair, como que de um abismo lamacento almas de pequenas crianças e outras maiores, de uns nove anos; eram repugnantes e abomináveis, com aspecto semelhante aos mais horríveis monstros, a cadáveres em decomposição. Mas esses defuntos estavam vivos e testemunhavam em voz alta, contra aquela alma agonizante. Era esta alma que eu via moribunda, cheia de honras e aplausos do mundo, e que afinal não passava de vanidade e pecado. Por fim surgiu uma mulher, como que esperando lágrimas, no seu avental, e que também muito a invectivava, testemunhando contra ela.
Ó hora tremenda,(178), em que somos obrigados a rever todos os nossos actos em toda a sua nudez e "miséria"! Não há um só que se perca e hão-de nos acompanhar fielmente ao Juízo divino. Não encontro palavras para exprimir coisas tão terríveis, que não têm comparação. E apesar dessas alma não me parecer estar condenada, todavia os seus tormentos em nada se diferenciam dos suplícios do Inferno; existe apenas uma diferença de (que) um dia hajam de terminar.
427
Um pouco mais tarde vi novamente aquela Criança que me tinha acordado; era duma maravilhosa beleza e repetiu-me estas palavras:A VERDADEIRA GRANDEZA DA ALMA ESTÁ NO AMOR A DEUS E NA HUMILDADE. Perguntei a esse Menino :-"Como é que sabes que a verdadeira grandeza da alma , se encontra no amor a Deus e na humildade?"É que só os teólogos conhecem essas coisas e tu nem sequer ainda o catecismo aprendeste! Como podes saber disso? Mas ele respondeu-me: SEI E CONHEÇO TODAS AS COISAS; e nesse preciso momento, desapareceu.
428
Já não consegui dormir mais. A minha mente estava exausta com tudo o que vira, e comecei a reflectir sobre todas aquelas coisas que vira.
Ó almas humanas, que "só" tarde demais reconheceis a verdade!
Ó abismo da Misericórdia divina, derramai-Vos, quanto antes, sobre o mundo inteiro, de acordo com o que Vós mesmo afirmastes
!

TERÇO DA MISERICÓRDIA

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

SÃO TEOTÓNIO, ROGAI POR NÓS

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PALAVRA DO SENHOR PARA O DIA DE HOJE COM A PASTORAL NACIONAL DE LITURGIA



S. CIRILO, monge, e S. METÓDIO, bispo
14 Fevereiro


Nota Histórica
Cirilo, natural de Salónica, recebeu uma excelente formação em Constantinopla. Juntamente com seu irmão, Metódio, dirigiu-se para a Morávia, a pregar a fé católica. Ambos prepararam os textos litúrgicos em língua eslava, escritos com letras que depois se chamaram «cirílicas». Chamados a Roma, ali morreu Cirilo a 14 de Fevereiro de 869. Metódio foi então ordenado bispo e partiu para a Panónia onde exerceu intensa actividade evangelizadora. Teve muito que sofrer por causa de pessoas invejosas, mas contou sempre com o apoio dos Pontífices Romanos. Morreu no dia 6 de Abril de 885 em Velehrad (Morávia).

Missa
ANTÍFONA DE ENTRADA
Estes são os homens santos, amigos de Deus,
gloriosos mensageiros da verdade divina.

Na Europa diz-se o Glória.


ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, que iluminastes os povos eslavos por meio dos santos irmãos Cirilo e Metódio, abri os nossos
corações aos ensinamentos da vossa palavra e fazei de nós um povo unânime na confissão da verdadeira fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Actos 13, 46-49
«Voltamo-nos para os pagãos»

Jesus é anunciado pelos profetas como luz dos pagãos. Esta missão do Senhor continua viva na Igreja, que O prolonga e na qual é proclamada a Boa Nova do Reino de Deus. Mas há sempre na Igreja quem encarne, de modo particular, em cada tempo e lugar, esta missão, como aconteceu com os dois santos irmãos que hoje celebramos, missionários do Evangelho entre os povos da Europa do leste. Juntamente com a fé, e para lhe servir de veículo, levaram a esses povos elementos importantes de cultura humana, como foi o próprio alfabeto com que, ainda hoje, as línguas desses povos são escritas.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
Naqueles dias, Paulo e Barnabé disseram aos judeus: «Era a vós que devia ser anunciada primeiro a palavra de Deus. Mas uma vez que a rejeitais e vos julgais indignos da vida eterna, voltamo-nos para os gentios, porque assim nos mandou o Senhor: ‘Fiz de ti a luz das nações, para levares a salvação até aos confins da terra’». Ao ouvirem isto, os gentios encheram-se de alegria e glorificaram a palavra do Senhor; e todos os que estavam destinados à vida eterna abraçaram a fé. Assim, a palavra do Senhor divulgava-se por toda a região.
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 116 (117), 1.2 (cf. R. Mc 16, 15)
Refrão: Ide por todo o mundo
e anunciai o Evangelho.

Louvai o Senhor, todas as nações,
aclamai-O, todos os povos.
É firme a sua misericórdia para connosco,
a fidelidade do Senhor permanece para sempre.


ALELUIA Lc 4, 18
Refrão: Aleluia. Repete-se
O Senhor enviou-me a anunciar aos pobres a boa nova,
e aos cativos a redenção. Refrão


EVANGELHO Lc 10, 1-9
«Ide e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino de Deus’»

O problema, que já existia no tempo de Jesus, ainda hoje continua a existir e continuará até ao fim dos tempos: a seara de Deus precisa de trabalhadores. O que os Santos missionários de outrora fizeram é testemunho do que em cada tempo poderá ser feito, desde que se abra o coração aos apelos do Espírito de Deus.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho. Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’. E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco. Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino de Deus’».
Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai, Senhor, para os dons que Vos apresentamos na festa dos Santos Cirilo e Metódio e fazei que se tornem sinal da nova humanidade, reconciliada no vosso amor. Por Nosso Senhor.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. Mc 16, 20
Os discípulos partiram para anunciar o Evangelho
com a graça do Senhor, que confirmava com milagres a sua palavra.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus, Pai de todos os povos, que nos fizestes participantes do mesmo pão e do mesmo Espírito e herdeiros do banquete eterno, concedei, por intercessão dos Santos Cirilo e Metódio, que a multidão dos vossos filhos persevere na mesma fé e edifique na concórdia um reino de justiça e de paz. Por Nosso Senhor.

Liturgia das horas
Da Vida de Constantino em língua eslava

(Cap. 18: Denkschriften der kaiserl.

Akademie der Wissenschaften 19 [Wien 1870], 246)

Fazei crescer a vossa Igreja e reuni a todos na unidade
Constantino Cirilo, fatigado pelos muitos trabalhos, caiu doente; e quando havia já muitos dias que suportava a doença, teve em certa ocasião uma visão de Deus e começou a cantar assim: «O meu espírito alegrou-se e o meu coração exultou, quando me disseram: Vamos para a casa do nosso Deus».
Depois envergou trajes de cerimónia e permaneceu assim todo aquele dia, cheio de alegria e dizendo: «A partir de agora não sou servo nem do imperador, nem de homem algum na terra, mas unicamente de Deus Omnipotente. Eu não existia, mas agora existo e existirei para sempre. Amen». No dia seguinte, vestiu o santo hábito monástico e, juntando luz à luz, impôs-se o nome de Cirilo. E permaneceu assim cinquenta dias.
Ao chegar a hora de receber o repouso e de emigrar para as habitações eternas, ergueu as mãos para Deus e rezou, chorando e dizendo:
«Senhor meu Deus, que criastes todas as ordens de anjos e os espíritos incorpóreos, estendestes o céu e firmastes a terra e formastes do nada todas as coisas que existem, Vós que sempre atendeis aqueles que fazem a vossa vontade, Vos temem e observam os vossos preceitos, atendei a minha oração e conservai na fidelidade o vosso povo de quem me fizestes servo incompetente e indigno.
Livrai-o da malícia ímpia e pagã dos que blasfemam contra Vós; fazei crescer a vossa Igreja e reuni a todos na unidade. Ao povo escolhido tornai-o concorde na fé verdadeira e na recta confissão e inspirai aos seus corações a palavra da vossa doutrina: porque é dom vosso que nos tenhais escolhido para pregar o Evangelho do vosso Ungido, incitando-nos a praticar boas obras e a fazer o que é do vosso agrado. Aqueles que me destes, eu Vo-los devolvo, porque são vossos; governai-os com a vossa mão direita e protegei-os à sombra das vossas asas, para que todos louvem e glorifiquem o vosso nome, Pai e Filho e Espírito Santo. Amen».
Depois de ter beijado a todos com o ósculo santo, disse: Bendito seja Deus, que não nos entregou aos dentes dos nossos adversários, mas rompeu as suas redes e nos libertou do mal que tramavam contra nós». E assim adormeceu no Senhor, com a idade de quarenta e dois anos.
O Papa ordenou que todos os gregos que estavam em Roma, juntamente com os romanos, se reunissem, acendessem velas e cantassem as suas exéquias, e que lhe fossem dadas honras funerárias não inferiores às que seriam tributadas ao próprio Papa; e assim se fez

SALMO 15 PARA OS NAMORADOS REZAREM



Guardai-me Senhor,Vós sois o meu refúgio!
Vós sois o meu bem!
Sois parte da minha herança,
está nas Vossas mãos o meu destino.

Esteja o Senhor sempre na minha presença.
Com Ele a meu lado não vacilarei.

O meu coração se alegra e a minha alma exulta,
repousa tranquílo todo o meu corpo.
Ele não me entregará às mãos da morte
nem deixará o Seu servo conhecer a corrupção.
Ele me apontará o caminho da salvação
e a Seu lado viverei na plenitude da vida.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

PRIMEIRO MANDAMENTO-AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS


Primeiro Mandamento - Amar a Deus sobre todas as coisas
Catecismo da Igreja Católica - 2008/11/08
O PRIMEIRO MANDAMENTO:
EU SOU O SENHOR TEU DEUS NÃO TERÁS
OUTRO DEUS ALÉM DE MIM

442. Que implica a afirmação: «Eu sou o Senhor teu Deus» (Ex 20,2)?

Implica, para o fiel, guardar e praticar as três virtudes teologais e evitar os pecados que se lhes opõem. A fé crê em Deus e rejeita o que lhe é contrário, como, por exemplo, a dúvida voluntária, a incredulidade, a heresia, a apostasia e o cisma. A esperança é a expectativa confiante da visão bem-aventurada de Deus e da sua ajuda, evitando o desespero e a presunção. A caridade ama a Deus sobre todas as coisas: são rejeitadas portanto a indiferença, a ingratidão, a tibieza, a acédia ou preguiça espiritual e o ódio a Deus, que nasce do orgulho.

443. Que implica a Palavra do Senhor: «Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto» (Mt 4,10)?

Implica adorar a Deus como Senhor de tudo o que existe; prestar-lhe o culto devido individual e comunitariamente; rezar-lhe com expressões de louvor, de ação de graças, de intercessão e de súplica; oferecer-Lhe sacrifícios, sobretudo o sacrifício espiritual da nossa vida, em união com o sacrifício perfeito de Cristo; e manter as promessas e os votos que Lhe fizermos.

444. Como é que a pessoa realiza o próprio direito de prestar culto a Deus na verdade e na liberdade?

Todo o homem tem o direito e o dever moral de procurar a verdade, em especial no que se refere a Deus e à sua Igreja, e, uma vez conhecida, de a abraçar e guardar fielmente, prestando a Deus um culto autêntico. Ao mesmo tempo, a dignidade da pessoa humana requer que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a própria consciência nem seja impedido de agir em conformidade com ela, dentro dos limites da ordem pública, privada ou publicamente, de forma individual ou associada.


445. Que proíbe Deus ao ordenar: «Não terás outros deuses perante Mim» (Ex 20,2)?

Este mandamento proíbe:

- o politeísmo e a idolatria, que diviniza uma criatura, o poder, o dinheiro, e até mesmo o demônio;
- a superstição, que é um desvio do culto devido ao verdadeiro Deus, e que se expressa nas várias formas de adivinhação, magia, feitiçaria e espiritismo;

- a irreligião, expressa no tentar a Deus com palavras ou atos, no sacrilégio, que profana pessoas ou coisas sagradas sobretudo a Eucaristia, e na simonia, que pretende comprar ou vender realidades espirituais;

- o ateísmo, que nega a existência de Deus, fundando-se muitas vezes numa falsa concepção de autonomia humana;

- o agnosticismo, segundo o qual nada se poder saber de Deus, e que inclui o indiferentismo e o ateísmo prático.

446. Ao dizer: «não farás para ti qualquer imagem esculpida» (Ex 20,3) proíbe-se o culto das imagens?

No Antigo Testamento, este mandamento proíbe representar o Deus absolutamente transcendente. Porém, a partir da Encarnação do Filho de Deus, o culto cristão das imagens sagradas é justificado (como afirma o segundo Concílio de Nicéia, de 787), porque se funda no Mistério do Filho de Deus feito homem, no qual Deus transcendente se torna visível. Não se trata duma adoração da imagem, mas de uma veneração de quem nela é representado: Cristo, a Virgem, os Anjos e os Santos.

(Compendio do Catecismo da Igreja Católica - Questões 442 a 446)

MAJESTY

sábado, 12 de fevereiro de 2011

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM


LEITURA I Sir 15, 16-21 (15-20)
«Não mandou a ninguém fazer o mal»

Todas as orientações que a palavra de Deus nos dá são luz a iluminar o nosso caminho, para assim melhor chegarmos até Ele. A moral, como se diz, do povo de Deus não é uma lei negativa, mas auxílio para ele se orientar. Esta lei não destrói a liberdade do homem, antes se lhe oferece como ajuda. São sempre dois os caminhos possíveis e nenhum deles escapa ao olhar de Deus; ao homem pertence agora a escolha.

Leitura do Livro de Ben-Sirá
Se quiseres, guardarás os mandamentos: ser fiel depende da tua vontade. Deus pôs diante de ti o fogo e a água: estenderás a mão para o que desejares. Diante do homem estão a vida e a morte: o que ele escolher, isso lhe será dado. Porque é grande a sabedoria do Senhor, Ele é forte e poderoso e vê todas as coisas. Seus olhos estão sobre aqueles que O temem, Ele conhece todas as coisas do homem. Não mandou a ninguém fazer o mal, nem deu licença a ninguém de cometer o pecado.
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 118 (119), 1-2.4-5.17-18.33-34
(R. 1b)
Refrão: Ditoso o que anda na lei do Senhor. Repete-se

Felizes os que seguem o caminho perfeito
e andam na lei do Senhor.
Felizes os que observam as suas ordens
e O procuram de todo o coração. Refrão

Promulgastes os vossos preceitos
para se cumprirem fielmente.
Oxalá meus caminhos sejam firmes
na observância dos vossos decretos. Refrão

Fazei bem ao vosso servo:
viverei e cumprirei a vossa palavra.
Abri, Senhor, os meus olhos
para ver as maravilhas da vossa lei. Refrão

Ensinai-me, Senhor, o caminho dos vossos decretos,
para ser fiel até ao fim.
Dai-me entendimento para guardar a vossa lei
e para a cumprir de todo o coração. Refrão


LEITURA II 1 Cor 2, 6-10
«Antes dos séculos Deus predestinou a sabedoria
para a nossa glória»

O plano de Deus sobre este mundo é um mistério, que só foi completa e definitivamente revelado em Jesus Cristo, por meio do Espírito Santo. Antes da Encarnação de Jesus Cristo, já ele ia sendo anunciado, mais ou menos claramente; mas a manifestação deste plano de salvação, que está acima de toda a sabedoria dos homens, brilha agora como maravilhoso dom celeste. Conhecê-lo não é conquista humana, mas dom divino, que havemos de acolher com humildade e em acção de graças.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos: Nós falamos de sabedoria entre os perfeitos, mas de uma sabedoria que não é deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que vão ser destruidos. Falamos da sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, que já antes dos séculos Deus tinha destinado para a nossa glória. Nenhum dos príncipes deste mundo a conheceu; porque se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória. Mas, como está escrito, «nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam». Mas a nós Deus o revelou por meio do Espírito Santo, porque o Espírito Santo penetra todas as coisas, até o que há de mais profundo em Deus.
Palavra do Senhor.


ALELUIA cf. Mt 11, 25
Refrão: Aleluia. Repete-se
Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes aos pequeninos
 os mistérios do reino. Refrão


EVANGELHO – Forma breve Mt 5, 20-22a.27-28.33-34a.37
«Foi dito aos antigos... Eu, porém, digo-vos...»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não matarás; quem matar será submetido a julgamento’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que se irar contra o seu irmão será submetido a julgamento. Ouvistes que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que olhar para uma mulher com maus desejos já cometeu adultério com ela no seu coração. Ouvistes ainda que foi dito aos antigos: ‘Não faltarás ao que tiveres jurado, mas cumprirás diante do Senhor o que juraste’. Eu, porém, digo-vos que não jureis em caso algum. A vossa linguagem deve ser: ‘Sim, sim; não, não’. O que passa disto vem do Maligno».
Palavra da salvação

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

SANTA BERNADETTE

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

SANTA JOSEFINA BAKHITA


Muitas vezes as vias de Deus são incompreensíveis aos olhos humanos. Mas Ele sabe como conduzir as almas e os acontecimentos para realizar Seu plano
de amor e salvação.

» Uma escravidão providencial
» Padecimentos no cativeiro » Proteção amorosa de Deus
» A mudança para a Itália » O encontro ...
» Uma inesperada decisão ... » A entrega definitiva a Deus
» Submissão até o fim



Dotada de um caráter fácil e submisso, com uma marcada propensão para fazer o bem aos outros, a pequena descendente da tribo dos Dagiu dava, desde a mais tenra infância, mostras de ser uma predileta de Deus .

Certa vez, estando com uma amiga nas proximidades de sua aldeia, situada na região de Darfur, no oeste do Sudão, Bakhita deparou-se com dois homens que surgiram de improviso de trás de uma cerca. Um deles pediu-lhe que fosse pegar um pacote que esquecera no bosque vizinho e disse à sua companheira que podia continuar o caminho, pois ela logo a alcançaria. "Eu não duvidava de nada, obedeci imediatamente, como sempre fazia com a minha mãe" - narrou ela.1

Protegidos pela floresta e longe de qualquer testemunha importuna, os dois estrangeiros agarraram a menina e levaram-na à força com eles, ameaçando-a com um punhal. Sua ingenuidade, bem compreensível em seus oito anos, custara-lhe caro.

Contudo, eram essas as misteriosas vias da Providência, por meio das quais se realizariam os desígnios de Deus a seu respeito . Se tal fato não tivesse ocorrido talvez sua vida teria continuado na normalidade do convívio familiar, em meio aos afazeres domésticos e às práticas rituais do culto animista que professavam seus parentes. Provavelmente ela jamais conheceria a Fé Católica, e permaneceria submersa nas trevas do paganismo.


Uma escravidão providencial

Empurrada violentamente por seus raptores, foi levada para uma cruel e penosa escravidão .E embora ela o ignorasse, estava dando os primeiros passos que a conduziriam, à custa de sofrimentos atrozes, rumo à verdadeira liberdade de espírito e ao encontro com o grande Senhor a Quem já amava antes de conhecer.

Sim, desde muito pequena, Bakhita deleitava-se em contemplar o Sol, a Lua, as estrelas e as belezas da natureza, perguntando-se maravilhada:

"Quem é o patrão destas coisas tão bonitas? E sentia uma grande vontade de vê-lo, de conhecê-lo, de prestar-lhe homenagem".

Ensina São Tomás de Aquino que "uma pessoa pode conseguir o efeito do Batismo pela força do Espírito Santo, sem Batismo de água e até sem Batismo de sangue, quando seu coração é movido pelo Espírito Santo a crer e amar a Deus e a arrepender-se de seus pecados".2 É o que se chama Batismo "de desejo", ou "de penitência" . Apoiando-nos nessa doutrina, podemos supor que na alma admirativa da escrava sudanesa brilhava a luz da graça santificante, muito antes de ela receber o Batismo sacramental.

Para Bakhita, porém, apenas começara a terrível série de padecimentos que se prolongaria durante 10 anos. Tal foi o choque produzido em seu espírito pela violência do sequestro, que ela esqueceu-se até do próprio nome. Assim, quando foi interrogada pelos bandidos, não pôde pronunciar sequer uma palavra. Então um deles disse-lhe: "Muito bem . Chamar-te-emos Bakhita". Em sua voz havia um acento irônico, uma vez que este nome, em árabe, significa "afortunada".

Padecimentos no cativeiro

Chegando a um povoado, Bakhita foi introduzida numa cabana miserável e trancada num quarto estreito e escuro, onde permaneceu durante um mês. "Quanto eu tenha sofrido naquele lugar, não se pode dizer com as palavras", escreveria ela mais tarde. Por fim, depois desses dias nos quais a porta não se abria senão para deixar passar um parco alimento, a prisioneira pôde sair, não para ser posta em liberdade, mas para ser entregue a um traficante de escravos que acabava de adquiri-la.

Bakhita haveria de ser vendida cinco vezes sucessivas, aos mais variados patrões, exposta nos mercados, presa pelos pés a pesadas correntes e obrigada a trabalhar sem descanso para satisfazer os caprichos de seus amos. Colocada a serviço da mãe e da esposa de um general, a jovem escrava ali enfrentou os piores anos de sua existência, como ela mesma descreve: "As chicotadas caíam em cima de nós sem misericórdia; de modo que nos três anos que estive a serviço deles, não me lembro de ter passado um só dia sem feridas, porque não havia ainda sarado dos golpes recebidos e recebia outros ainda, sem saber a causa. [...] Quantos maus tratos os escravos recebem sem nenhum motivo! [...] Quantas companheiras minhas de desventura morreram pelos golpes sofridos!".

Além desses e de outros tormentos, fizeram-lhe uma tatuagem que a obrigou a permanecer imóvel sobre sua esteira por mais de um mês . Bakhita conservou até o fim da vida 144 cicatrizes sobre o corpo, além de um leve defeito ao caminhar.

Certa vez, interrogada sobre a veracidade de tudo quanto fora contado a seu respeito, ela afirmou ter omitido em suas narrativas detalhes verdadeiramente espantosos, vistos apenas por Deus e impossíveis de serem ditos ou escritos. Entretanto, a mão do Senhor não a abandonou sequer um instante. Mesmo nos piores momentos, Bakhita sentia dentro de si uma força misteriosa que a sustentava, impelindo- a a comportar-se com docilidade e obediência, sem nunca se desesperar.

Proteção amorosa de Deus

Anos mais tarde, lançando um olhar sobre seu passado, reconhecia a intervenção divina nos acontecimentos de sua vida: "Posso dizer realmente que não morri por um milagre do Senhor, que me destinava a coisas melhores" . E a Ele manifestava sua gratidão: "Se eu ficasse de joelhos a vida inteira, não diria, nunca, o bastante, toda a minha gratidão ao bom Deus".

Prova dessa proteção amorosa de Deus, que a acompanhou desde a infância, foi a preservação de alma e de corpo na qual se manteve, mesmo em meio às torturas, sem que jamais sua castidade fosse atingida. "Eu estive sempre no meio da lama, mas não me sujei. [...] Nossa Senhora me protegeu, ainda que eu não A conhecesse . [...] Em várias ocasiões me senti protegida por um ser superior".


A mudança para a Itália

Em 1882, o general que a comprara teve de retornar à Turquia, seu país, e pôs à venda seus numerosos escravos Bakhita, fazendo jus a seu nome, logo despertou a simpatia do cônsul italiano Calixto Legnani, que se dispôs a adquiri-la. "Desta vez fui verdadeiramente afortunada, porque o novo patrão era bastante bom e começou a querer-me tanto bem".

Embora o cônsul não pareça ter-se esforçado em iniciar nas verdades da Fé a jovem escrava, durante os anos em que esta viveu em sua casa, este período foi para ela a aurora do encontro com a Igreja. Como católico que era, Legnani tratou Bakhita com bondade. Ali não havia castigos, pancadas, nem mesmo repreensões, e ela pôde gozar da doçura característica das relações entre aqueles que procuram cumprir os mandamentos da caridade cristã.

Ante o avanço de uma revolução nacionalista no Sudão, Calixto Legnani teve de voltar para a Itália. A pedido de Bakhita, levou-a consigo . Porém, chegados a Gênova, o cônsul cedeu a jovem sudanesa a seus amigos, o casal Michieli. Assim, ela passou a morar na residência desta família, em Mirano, na região do Veneto, tendo por encargo especial o cuidado da filha, a pequena Mimina.

O encontro com seu verdadeiro Patrão e Senhor

Estando ali, Bakhita recebeu de um amável senhor, que se interessara por ela, um belo crucifixo de prata: "Explicou-me que Jesus Cristo, Filho de Deus, tinha morrido por nós. Eu não sabia quem fosse [...]. Recordo que às escondidas o olhava e sentia uma coisa em mim que não sei explicar". Pouco a pouco, a graça foi trabalhando a alma sensível da ex-escrava africana, abrindoa para as realidades sobrenaturais que ela desconhecia.

Em sua Encíclica Spe Salvi, o Santo Padre Bento XVI assim descreve o milagre que se operou no interior de Bakhita: "Depois de ‘patrões' tão terríveis que a tiveram como sua propriedade até agora, Bakhita acabou por conhecer um ‘patrão' totalmente diferente - no dialeto veneziano que agora tinha aprendido, chamava ‘Paron' ao Deus vivo, ao Deus de Jesus Cristo. Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam ou, na melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil. Mas agora ouvia dizer que existe um ‘Paron' acima de todos os patrões, o Senhor de todos os senhores, e que este Senhor é bom, a bondade em pessoa. Soube que este Senhor também a conhecia, tinha-a criado; mais ainda, amava-a. Também ela era amada, e precisamente pelo ‘Paron' supremo, diante do qual todos os outros patrões não passam de miseráveis servos. Ela era conhecida, amada e esperada; mais ainda, este Patrão tinha enfrentado pessoalmente o destino de ser flagelado e agora estava à espera dela ‘à direita de Deus Pai'".3


Uma inesperada decisão cheia de valentia

Mais sofrimentos ainda a aguardavam, embora de ordem muito diversa dos anteriormente suportados: Deus lhe pediria uma prova de sua entrega, de sua renúncia a tudo, em razão do amor a Ele, oferecida de livre e espontânea vontade.

Quando Bakhita, já instruída na Religião Católica pelas Irmãs Canossianas de Veneza, preparava-se para receber o Batismo, sua patroa quis levá- la de novo ao Sudão, onde a família Michieli resolvera fixar-se definitivamente . De caráter flexível e submisso, acostumada a se considerar propriedade de seus donos, revelou ela, naquela conjuntura, uma coragem até então desconhecida mesmo pelos seus mais próximos. Temendo que aquela volta pusesse em risco sua perseverança, negou-se a seguir sua senhora.

As promessas de uma vida fácil, a perspectiva de rever sua pátria, a profunda afeição a Mimina e a gratidão a seus amos, nada disso pôde mudar sua decisão de dar-se a Jesus Cristo para sempre. Bakhita mostrara-se sempre dócil a seus superiores. Agora manifestava de outra forma essa virtude, obedecendo mais a Deus do que aos homens (cf. At 4, 19). "Era o Senhor que me infundia tanta firmeza, porque queria fazer-me toda sua".

A entrega definitiva a Deus

Tendo saído vitoriosa dessa batalha, Bakhita foi batizada, crismada e recebeu a Eucaristia das mãos do Patriarca de Veneza, no dia 9 de janeiro de 1890. Foram-lhe postos os nomes de Josefina Margarida Afortunada . "Recebi o santo Batismo com uma alegria que só os Anjos poderiam descrever", narraria mais tarde.

Pouco depois, querendo selar sua entrega a Deus de maneira irreversível, solicitou seu ingresso no Instituto das Filhas da Caridade, fundado por Santa Madalena de Canossa, a quem devia sua entrada na Igreja . Na festa da Imaculada Conceição, em 1896, após cumprir seu noviciado com exemplar fervor, Josefina pronunciou seus votos na Casa-Mãe do Instituto, em Verona.

A partir daí sua vida foi um constante ato de amor a Deus, um dar-se aos outros, sem restrições, nem reservas . Ora encarregada de funções humildes, como a cozinha ou a portaria, ora enviada em missão através da Itália, a santa sudanesa aceitava com verdadeira alegria tudo quanto lhe ordenavam, conquistando a simpatia daqueles que a rodeavam, sem se cansar de dizer: "Sede bons, amai o Senhor, rezai por aqueles que não O conhecem".

Sobre o espírito missionário de Bakhita comenta Bento XVI em sua encíclica: "A libertação recebida através do encontro com o Deus de Jesus Cristo, sentia que devia estendê-la, tinha de ser dada também a outros, ao maior número possível de pessoas. A esperança, que nascera para ela e a ‘redimira', não podia guardá-la para si; esta esperança devia chegar a muitos, chegar a todos".4


Submissão até o fim

Por fim, após mais de 50 anos de frutuosa vida religiosa, durante os quais suas virtudes se acrisolaram no fogo da caridade, Bakhita sentiu a morte aproximar-se. Atacada por repetidas bronquites e pneumonias que foram minando sua saúde, suportou tudo com fortaleza de ânimo. Em suas últimas palavras, proferidas pouco antes de seu falecimento, deixou transparecer o gozo que lhe enchia a alma: "Quando uma pessoa ama tanto uma outra, deseja ardentemente ir para junto dela: por que, então, tanto medo da morte? A morte nos leva a Deus".

Em 8 de fevereiro de 1947, a Irmã Josefina recebeu os últimos Sacramentos, acompanhando com atenção e piedade todas as orações. Avisada de que aquele dia era um sábado, seu semblante pareceu iluminar-se e exclamou com alegria: "Como estou contente! Nossa Senhora, Nossa Senhora!" . Foram estas suas últimas palavras antes de entregar serenamente sua alma e encontrar-se face a face com o "Paron", que desde pequenina ansiava por conhecer.

Seu corpo, transladado para junto da igreja, foi objeto da veneração de numerosos fiéis, que durante três dias ali afluíram, desejosos de contemplar pela última vez a querida Madre Moretta, como era carinhosamente conhecida, que com tanta bondade os tratara sempre. Miraculosamente, seus membros conservaram- se flexíveis durante esse período, sendo possível mover seus braços para pôr sua mão sobre a cabeça das crianças.

Por este meio, Santa Josefina Bakhita revelava o grande segredo de sua santidade, refletido em seu próprio corpo. A via pela qual Deus a chamara fora a da submissão heroica à vontade divina e, para a posteridade, ela deixava um modelo a ser seguido. A humildade, a mansidão e a obediência transparecem em suas palavras, numa disposição verrdadeiramente sublime de sua alma: "Se encontrasse aqueles negreiros que me raptaram, e mesmo aqueles que me torturaram, ajoelhar-me-ia para beijar as suas mãos; porque, se isto não tivesse acontecido, eu não seria agora cristã e religiosa".

1 Salvo indicação em contrário, todas as citações entre aspas pertencem a DAGNINO, Ir. Maria Luísa, Bakhita racconta la sua storia. Trad . Cecília Maríngolo, Canossiana. Roma: Città Nuova, 1989. p. 38 .
2 Cf. Suma Teológica, III, q. 66, a.11 .
3 BENTO XVI, Carta Encíclica Spe Salvi, 30/11/2007, n. 3 .
4 BENTO XVI, Carta Encíclica Spe Salvi, 30/11/2007, n. 3

(Revista dos Arautos, Fev/2009, n. 86, p. 34 à 38)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

VISITA NOTURNA A JESUS SACRAMENTADO




Santa Ângela da Cruz

Ficai conosco, Senhor, esta noite. Ficai para adorar, louvar e dar graças por nós, enquanto dormimos.

Ficai para fazer baixar do Céu vossa misericórdia sobre o mundo.

Ficai para socorrer, a partir do tabernáculo, as benditas almas do Purgatório, em sua prolongada noite de sofrimentos e penas.

Ficai conosco, Senhor, para afastar a ira de Deus de nossas populosas cidades com suas densíssimas nuvens de vícios e crimes que clamam aos Céus por vingança.

Ficai conosco, Senhor, para confortar os que jazem no leito de dor, para dar a graça da contrição aos que morrem, para receber nos braços de vossa misericórdia os milhares de almas que se apresentam ante Vós esta noite para serem julgadas.

Oh! Bom Pastor, ficai com vossas ovelhas, defendendo-as dos perigos que as rodeiam e ameaçam!

Ficai, Senhor, sobretudo, com os que sofrem e com os agonizantes.

Dai-nos uma noite tranqüila e um despertar perfeito.

Sede nosso misericordioso Pai até o último momento, para que sem temor possamos apresentar-nos diante de Vós, como nosso Juiz.

Ficai, Senhor, em meu coração. Assim seja.

(Revista Arautos do Evangelho, Nov/2004, n. 35, p. 2)

ORAÇÃO DA ALMA DESESPERADA


« Oração de uma esposa e mãe à Santíssima Virgem

Oração da alma desamparada

Ó Jesus desolado e ao mesmo tempo refúgio das almas desoladas, Vosso amor ensina-me que é de Vossos abandonos que devo haurir toda a força de que necessito para suportar os meus. Estou persuadida de que o abandono mais temível em que eu possa cair seria não participar do Vosso. Mas, como Vós me destes a vida com a Vossa morte, e me livrastes, por Vossos sofrimentos, daqueles que me eram devidos, também merecestes, pelo Vosso desamparo, que o Pai celeste não me desamparasse, e que nunca estivesse mais próximo de mim, por Sua misericórdia, do que quando estou mais unida (a Vós) pela desolação.

Ó Jesus, luz da minha alma, iluminai os meus olhos interiores no tempo da tribulação; e já que me é útil sofrer, não leveis em conta meus temores nem minha fraqueza.

Eu Vos conjuro, ó meu Deus, por Vossos desamparos, não que não me aflijais, mas que não me abandoneis na aflição, que me ensineis a procurar-Vos nela como o meu único consolador, que sustenteis nela a minha Fé, que nela fortifiqueis minha esperança, que purifiqueis nela o meu amor; concedei- me a graça de reconhecer nela a Vossa mão, e de não desejar nela outro consolador a não ser Vós.

Humilhai-me então quanto Vos aprouver, e consolai-me somente a fim de que eu possa sofrer e perseverar até a morte no sofrimento. Já que as graças que Vos peço são fruto de Vossos desamparos, fazei que sua virtude se manifeste na minha fraqueza, e glorificai-Vos na minha miséria, ó meu Jesus, único refúgio da minha alma.

Ó Mãe Santíssima do meu Jesus, que vistes e sentistes a extrema desolação do Vosso querido Filho, assisti-me no tempo da minha.

E vós, santos do Paraíso, que passastes por esta provação, tende compaixão daqueles que sofrem, e obtende-me a graça de ser fiel até a morte.

(Extraída do livro Bernadette Soubirous, do Pe. André Ravier. São Paulo: Loyola, 1985, p. 81-82)


(Revista Arautos do Evangelho, Março/2010, n. 99, p. 45

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

PALAVRA DO SENHOR PARA O DIA DE HOJE COM OS ARAUTOS DO EVANGELHO



Evangelho segundo São Marcos 6,53-56
Naquele tempo: 53Tendo Jesus e seus discípulos acabado de atravessar o mar da Galiléia, chegaram a Genesaré e amarraram a barca.
Segunda-feira, 7 de Fevereiro de 2011.
SANTO DO DIA: São Partênio, Bispo e Confessor; Santo Egídio Maria de São José, religioso
Primeira Leitura: Gênesis 1,1-19
Leitura do Livro do Gênesis:
1No princípio Deus criou o céu e a terra. 2A terra estava deserta e vazia, as trevas cobriam a face do abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. 3Deus disse: 'Faça-se a luz!' E a luz se fez. 4Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. 5E à luz Deus chamou 'dia' e às trevas, 'noite'. Houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia. 6Deus disse: 'Faça-se um firmamento entre as águas, separando umas das outras'. 7E Deus fez o firmamento, e separou as águas que estavam embaixo, das que estavam em cima do firmamento. E assim se fez. 8Ao firmamento Deus chamou 'céu'. Houve uma tarde e uma manhã: segundo dia. 9Deus Disse: 'Juntem-se as águas que estão debaixo do céu num só lugar e apareça o solo enxuto!' E assim se fez. 10Ao solo enxuto Deus chamou 'terra' e ao ajuntamento das águas, 'mar'. E Deus viu que era bom. 11Deus disse: 'A terra faça brotar vegetação e plantas que dêem semente, e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, que tenham nele sua semente sobre a terra'. E assim se fez. 12E a terra produziu vegetação e plantas que trazem semente segundo a sua espécie, e árvores que dão fruto tendo nele a semente da sua espécie. E Deus viu que era bom. 13Houve uma tarde e uma manhã: terceiro dia. 14Deus disse: 'Façam-se luzeiros no firmamento do céu, para separar o dia da noite. Que sirvam de sinais para marcar as épocas os dias e os anos, 15e que resplandeçam no firmamento do céu e iluminem a terra'. E assim se fez. 16Deus fez os dois grandes luzeiros: o luzeiro maior para presidir ao dia, e o luzeiro menor para presidir à noite, e as estrelas. 17Deus colocou-os no firmamento do céu para alumiar a terra, 18para presidir ao dia e à noite e separar a luz das trevas. E Deus viu que era bom. 19E houve uma tarde e uma manhã: quarto dia.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus

Salmo 103
Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande! De majestade e esplendor vos revestis e de luz vos envolveis como num manto.
R: Alegre-se o Senhor em suas obras!
A terra vós firmastes em suas bases, ficará firme pelos séculos sem fim; os mares a cobriam como um manto, e as águas envolviam as montanhas.
R: Alegre-se o Senhor em suas obras!
Fazeis brotar em meio aos vales as nascentes que passam serpeando entre as montanhas; às suas margens vêm morar os passarinhos, entre os ramos eles erguem o seu canto.
R: Alegre-se o Senhor em suas obras!
Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras, e que sabedoria em todas elas! Encheu-se a terra com as vossas criaturas! Bendize, ó minha alma, ao Senhor!
R: Alegre-se o Senhor em suas obras!

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 6,53-56
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:
Naquele tempo: 53Tendo Jesus e seus discípulos acabado de atravessar o mar da Galiléia, chegaram a Genesaré e amarraram a barca. 54Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. 55Percorrendo toda aquela região, levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. 56E, nos povoados, cidades e campos onde chegavam, colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste. E todos quantos o tocavam ficavam curados.
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor.



Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Agostinho (354-430)
Bispo de Hipona (África do Norte) e Doutor da Igreja - Sermão 306, passim
«Quantos O tocavam ficavam curados»
Todos os homens querem ser felizes; não há ninguém que não o queira, e com tanta intensidade que o deseja acima de tudo. Melhor ainda: tudo o que querem para além disso querem-no para isso. Os homens perseguem paixões diferentes, um esta, outro aquela; também existem muitas maneiras de ganhar a vida neste mundo: cada um escolhe a sua profissão e exerce-a. Mas quer adoptem este ou aquele género de vida, todos os homens agem nesta vida para serem felizes. [...] O que há então nesta vida capaz de nos fazer felizes, que todos desejam mas que nem todos alcançam? Procuremo-lo. [...]
Se eu perguntar a alguém: «Queres viver?», ninguém se sentiria tentado a responder-me: «Não quero». [...] Do mesmo modo, se eu perguntar: «Queres ser saudável?», ninguém me responderá: «Não quero». A saúde é um bem precioso aos olhos do rico e, para o pobre, ela é muitas vezes o único bem que ele possui. [...] Todos concordam no amor pela vida e pela saúde. Ora quando o homem desfruta da vida e é saudável, poderá contentar-se com isso? [...]
Um homem rico perguntou ao Senhor: «Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna?» (Mc 10, 17) Ele temia morrer e era forçado a morrer. [...] Ele sabia que uma vida de dor e de tormentos não é vida, e que se lhe deveria antes dar o nome de morte. [...] Apenas a vida eterna pode ser feliz. A saúde e a vida neste mundo não a garantem, tememos demasiado perdê-las: chamai a isto «temer sempre» e não «viver sempre». [...] Se a nossa vida não é eterna, se não satisfaz eternamente os nossos desejos, não pode ser feliz, nem sequer é vida. [...] Quando entrarmos nessa vida, teremos a certeza de aí ficar para sempre. Teremos a certeza de possuir eternamente a verdadeira vida sem qualquer temor, pois encontrar-nos-emos naquele Reino sobre o qual se diz: «E o Seu reino não terá fim» (Lc 1, 33

domingo, 6 de fevereiro de 2011

DEVOÇÃO DAS CINCO CHAGAS DE CRISTO


Devoção as Cinco Chagas Jesus Cristo.

Ao estar de joelhos ante vossa imagem sagrada.


Oh! Salvador meu, minha consciência me diz que eu tenho sido eu que vos cravou na cruz, com estas minhas mãos, todas as vezes que tenho ousado cometer um pecado mortal. Deus meu, meu amor e meu tudo, digno de toda adoração e amor, vendo como tantas vezes me haveis cumulado de bênçãos, me acho de joelhos, convencido de que ainda posso reparar as injúrias com que vos tenho ofendido. Ao menos posso me compadecer, posso dar-Vos graças por todo o que haveis feito por mim. Perdoai-me, Senhor meu. Por isso com o coração e com os lábios digo: Perdoai-me, Senhor meu.



A Chaga do Pé Esquerdo: Santíssima Chaga do pé esquerdo de meu Jesus, Vos adoro.
Me dói, Bom Jesus, ver-Vos sofrer aquela pena dolorosa. Vos dou graças, Oh! Jesus de minha alma, porque haveis sofrido tão atrozes dores para deter-me em minha carrera ao precipício, sofrendo-Vos a causa dos pulsantes espinhos de meus pecados.

Ofereço ao Eterno Pai, o sofrimento e o amor de vossa santíssima Humanidade para ressarcir meus pecados, que detesto com sincera contrição.

A Chaga do Pé Direito: Santíssima Chaga do pé direito de meu Jesus, Vos adoro.

Me dói, Bom Jesus, de ver-Vos sofrer tão dolorosa pena. Vós dou graças, Oh! Jesus de minha vida , por aquele amor que sofreu tão atrozes dores, derramando sangue para castigar meus desejos pecaminosos e andadas em pró do prazer.

Ofereço ao Eterno Pai, o sofrimento e o amor de vossa santíssima Humanidade, e peço a graça de chorar minhas transgressões e de perseverar no caminho do bem, cumprindo fidelíssimamente os mandamentos de Deus.
A Chaga da Mão Esquerda: Santíssima Chaga da mão esquerda de meu Jesus, Vos adoro.
Me dói, Bom Jesus, de ver-Vos sofrer tão dolorosa pena. Vós dou graças, Oh! Jesus de minha vida, porque por vosso amor me haveis livrado a mim de sofrer a flagelação e a eterna condenação, que tenho merecido por causa de meus pecados.

Ofereço ao Eterno Pai, o sofrimento e o amor de vossa santíssima Humanidade e suplico me ajude a fazer bom uso de minhas forças e de minha vida, para produzir frutos dignos da glória e vida eterna e assim desarmar a justa ira de Deus.

A Chaga da Mão Direita: Santíssima Chaga da mão direita de meu Jesus, Vos adoro.

Me dói, Bom Jesus, de ver-Vos sofrer tão dolorosa pena. Vós dou graças, Oh! Jesus de minha vida, por ter-me acumulado de benefícios e graças, e isso a pesar de minha obstinação no pecado.

Ofereço ao Eterno Pai o sofrimento e o amor de vossa santíssima Humanidade e suplico me ajude a fazer tudo para maior honra e Glória de Deus.

A Chaga do Sacratíssimo Peito: Santíssima Chaga do Sacratíssimo Peito de meu Jesus, Vos adoro.

Me dói, Bom Jesus, de ver-Vos sofrer tão grande injúria. Vós dou graças, Oh! Bom Jesus, pelo o amor que me tendes, ao permitir que Vos abrissem o peito, com uma lançada e assim derramar a última gota de sangue, para redimir-me.

Ofereço ao Eterno Pai esta oferta e o amor de vossa santíssima Humanidade, para que minha alma possa encontrar em vosso coração transpassado um seguro Refúgio. Assim seja.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

DEVOÇÃO DOS CINCO PRIMEIROS SÁBADOS




Parece difícil o rude combate pela fé? Quantos descobrem a verdade, recebem a graça de ver os graves erros de Vaticano II e, depois, não têm coragem ou forças para perseverar no bom combate. O que lhes falta? Eles estudam, passam horas na internet em bate-papos e leituras, mas mesmo assim, fraquejam. Falta-lhes talvez o essencial: vida de oração e fé, no sentido de levar sempre nossos pensamentos e nossas conclusões para as causas sobrenaturais da Revelação e da Santa Igreja. Ora, a Virgem Maria veio nos ensinar o caminho da última batalha pela conquista do céu. A devoção ao Imaculado Coração de Maria é a Cruzada dos últimos tempos. Comecemos logo, e o mais simples de tudo, é a prática da devoção aos 5 primeiros sábados do mês

Padre Fabrice Delestre

Preâmbulo

Os dois pedidos de 13 de julho de 1917.

A 13 de junho de 1917, a Santíssima Virgem disse à Lúcia: “Jesus quer estabelecer no mundo a devoção do meu Imaculado Coração”. Depois os três pastorzinhos viram Nossa Senhora tendo em sua mão direita um coração cercado de espinhos. Compreenderam que era o Coração Imaculado de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que pedia reparação.

No dia 13 de julho, a rainha do céu repetiu as mesmas palavras e as esclareceu fazendo dois pedidos concretos e precisos: “Se fizerem o que vou vos dizer, muitas almas serão salvas e haverá paz. [...] Voltarei para pedir a consagração da Rússia ao meu Coração Imaculado e a devoção reparadora dos primeiros sábados (do mês).”

De fato, Nossa Senhora realizou perfeitamente sua promessa:

- Ela veio pedir expressamente a consagração da Rússia à irmã Lúcia, em Tuy, na Espanha, em 13 de junho de 1929:

É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os bispos do mundo, a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus condena pelos pecados contra mim cometidos, que venho pedir reparação: sacrifica-te por esta intenção e ora.

- Quanto à devoção reparadora dos primeiros sábados do mês, Nossa Senhora veio explicar à Lúcia, no dia 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra na Espanha, onde a vidente era jovem postulante à vida religiosa, nas irmãs dorotéias. Em dezembro de 1927, irmã Lúcia, por ordem de seu confessor, escreveu um relatório dessa aparição, mas por humildade, escreveu este texto na terceira pessoa:

Dia 10 de dezembro de 1925, apareceu-lhe a Santíssima Virgem e, ao lado, suspenso em uma nuvem luminosa, um Menino. A Santíssima Virgem pondo-lhe no ombro a mão, mostrou-lhe ao mesmo tempo um coração que tinha na outra mão, cercado de espinhos. Ao mesmo tempo disse o Menino: “Tem pena do Coração de tua Santíssima Mãe que está coberto de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam, sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar”. Em seguida, disse a Santíssima Virgem: Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e Me fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas.”

Notemos que se o ato de consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria depende diretamente da boa vontade da autoridade hierárquica da Igreja (papa e bispos), a devoção reparadora dos primeiros sábados do mês foi pedida a todos os católicos. Desta prática depende a salvação de muitas almas e mesmo a paz do mundo. Daí a importância de todo aquele que é batizado, saber exatamente em que ela consiste.

Mas antes, vejamos como a divina Providência preparou as almas para receber esta devoção.

Premissas de uma devoção

Nossa Senhora, quando pediu à irmã Lúcia, em 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, a prática da devoção reparadora dos cinco primeiros sábados do mês, não estava inovando: este pedido celeste aparece como o apogeu de um movimento de piedade nascido muito tempo antes e encorajado pela Santa Sé desde de 1889.

Sábado, dia consagrado especialmente à Santíssima Virgem

Esta tradição imemorável data, com toda certeza, dos primeiros séculos da Igreja: a presença da Missa de Nossa Senhora nos Sábados,[1] no missal romano de São Pio V, de 1570, mostra a antigüidade desta prática que consiste em honrar especialmente a Santa Mãe de Deus nesse dia da semana, depois de ter consagrado o dia da sexta feira para comemorar a paixão de Nosso Senhor e os sofrimentos de seu Sagrado Coração.

Foi apoiando-se nesta piedosa tradição que os membros das Confrarias do Rosário habituaram-se a consagrar especialmente à Nossa Senhora, quinze sábados consecutivos de cada ano litúrgico: durante esses quinze sábados, eles se aproximavam dos sacramentos e cumpriam exercícios de piedade particulares em honra dos quinze mistérios do santo rosário. Em 1889, o papa Leão XIII concedeu a todos os fiéis uma indulgência plenária a ser ganha durante um desses quinze sábados.

O primeiro sábado do mês

Foi com o grande papa São Pio X que a devoção dos primeiros sábados do mês foi aprovada e encorajada por Roma.. Em 10 de julho de 1905, ele indulgenciou pela primeira vez esta devoção:

“Todos os fiéis que, no primeiro sábado ou primeiro domingo de doze meses consecutivos, consagrarem algum tempo com a oração vocal ou mental em honra da Virgem Imaculada em sua Conceição ganham, cada um desses dias, uma indulgência plenária. – Condições: confissão, comunhão e oração nas intenções do soberano pontífice”.

A devoção reparadora dos primeiros sábados do mês.

Em 13 de junho de 1912, São Pio X concedia novas indulgências à devoção dos primeiros sábados do mês, insistindo muito na intenção reparadora com a qual esta devoção devia ser praticada:

“A fim de promover a devoção dos fiéis para a gloriosa e imaculada Mãe de Deus, e para favorecer o piedoso desejo de reparação dos fiéis (et ad fovendum pium reparationis desiderium) diante das blasfêmias execráveis proferidas contra o seu augusto nome e as celestes prerrogativas desta mesma bem-aventurada Virgem, Pio X, papa pela divina Providência, dignou-se conceder uma indulgência plenária, aplicável às almas dos defuntos, no primeiro sábado de cada mês, por todos aqueles que, nesse dia, se confessarem, comungarem, cumprirem exercícios particulares de devoção em honra da bem-aventurada Virgem Maria, em espírito de reparação como indicado acima (in spiritu reparationis, ut supra) e rezarem nas intenções do soberano pontífice.[2]

Notemos a providencial coincidência das datas: 13 de junho de 1912, são cinco anos, dia por dia antes da segunda aparição de Nossa Senhora em Fátima, durante a qual os três pastorinhos testemunharam a primeira grande manifestação do Imaculado Coração de Maria vendo-o “cercado de espinhos que pareciam enterrados nele”. “Compreendemos, escreveu Lúcia sobre isto em 1941, na sua quarta Memória, que era o Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade que queria reparação”.

Os termos empregados por São Pio X anunciam quase exatamente os termos do pedido de Nossa Senhora em Pontevedra, em 1925: nos dois casos, é sublinhada a extrêma importância da intenção reparadora, única capaz de afastar e apaziguar a cólera de Deus.

Em Fátima e em Pontevedra, Nossa Senhora não é, pois, inovadora: ela veio dar a ratificação do Céu e um novo impulso a um movimento de piedade mariano enraizado na mais pura tradição católica, para encorajar a todos nós, a participarmos dele.

A intenção reparadora, chave desta devoção.

Respondamos, primeiramente, a uma objeção que muitas vezes escutamos da parte de pessoas pouco esclarecidas no domínio da fé. Essas pessoas contestam esta devoção afirmando que ela se opõe à perseverança na vida cristã: com efeito, dizem, bastaria praticar uma só vez na vida a devoção reparadora para ter assegurado sua salvação eterna; depois, as almas poderiam fazer o que quisessem, deixar a prática religiosa e cair nos piores pecados, pois estariam de qualquer maneira salvos para a eternidade! É fácil refutar esta objeção: uma alma que cumprir a devoção reparadora com tal espírito não obteria a graça da perseverança final, ligada por Nossa Senhora a esta prática, já que ela não a faria com reta intenção (condição indispensável a todos nossos atos religiosos e de devoção, para receber as bênçãos e graças de Deus) nem com o cuidado de reparar e consolar o Coração de Maria! Tal prática equivaleria, ao contrário, em abusar gravemente da misericórdia de Deus, utilizando a promessa da salvação eterna feita por Nossa Senhora para legitimar todos os pecados que fossem cometidos em seguida; isto é o pecado de presunção de sua salvação que é um dos sete pecados contra o Espírito Santo!

Reparar pelos pecadores.

As almas que querem praticar a devoção dos primeiros sábados do mês conforme a vontade do Céu, devem fazê-la na intenção geral de reparar e consolar Nossa Senhora, em substituição dos pobres pecadores que ultrajam e blasfemam contra ela: trata-se, por caridade fraterna, de “implorar o perdão e a misericórdia em favor das almas que blasfemam contra Nossa Senhora porque, a essas almas, a misericórdia divina não perdoa sem reparação”.[3] Foi isso que afirmou Nosso Senhor a Lúcia em 29 de maio de 1930, depois de ter revelado as cinco espécies de ofensas e de blasfêmias que se trata de reparar (infra):

“Eis, minha filha, porque motivo o Imaculado Coração de Maria me inspirou para pedir esta pequena reparação e em consideração a ela, comover minha misericórdia para perdoar às almas que tiveram a infelicidade de ofendê-lo. Quanto a ti, procure sem cessar, por tuas orações e teus sacrifícios, comover minha misericórdia em relação às pobres almas.”

Esta intenção reparadora, movida pela caridade fraterna, deveria nos dar um grande zelo para cumprir a devoção dos primeiros sábados não apenas cinco vezes em nossa vida, para assegurar a salvação pessoal, mas cada primeiro sábado, a fim de permitir a salvação eterna do maior número possível de pecadores. Porque aí está um dos grandes objetivos da devoção reparadora ao Imaculado Coração de Maria: “salvar almas, muitas almas, todas as almas”. [4]

Ora, o conjunto de acontecimentos sobrenaturais de Fátima, Pontevedra e Tuy nos mostra claramente e repetidas vezes, que são muitas as almas condenadas à eternidade:

- A 13 de julho de 1917, os três pastorinhos têm a visão do inferno, que está longe de ser um lugar vazio:

Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo [...]. Mergulhado nesse fogo, os demônios e as almas [...] almas flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas, que delas mesmas saíam, com nuvens de fumo caindo para todos os lados, semelhante ao cair das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e de desespero que horroriza e fazia estremecer de pavor. [5]

- A 19 de agosto de 1917, no fim da aparição, Nossa Senhora diz aos três videntes:

Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores; que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas. [6]

- A 13 de junho de 1929, na aparição de Tuy, Nossa Senhora concluiu a teofania trinitária com a qual Lúcia foi gratificada, por essas terríveis e surpreendentes palavras:

São tantas as almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra mim cometidos que venho pedir reparação. Sacrifica-te por esta intenção e reza.

Irmã Lúcia sempre afirmou que o número de almas danadas era muito grande. Ela conclui assim sua carta para um jovem, tentado a abandonar o seminário: “Não se surpreenda se falo tanto do inferno. Esta é uma verdade que é necessária lembrar muito nos tempos presentes, porque é esquecida: é um turbilhão de almas que caem no inferno. Então, o senhor não acha que são bem empregados todos os sacrifícios que é preciso fazer para não ir para lá e para impedir que muitos outros caiam lá?”. [7] E ao Padre Lombardi que, em outubro de 1953, a interrogou sobre o inferno, ela respondeu: “Padre, numerosos são aqueles que são condenados.[...] Padre, muitos, muitos se perderão.”

Obter a conversão de um pecador

É também louvável e frutífero praticar esta devoção para obter a conversão desse ou daquele grande pecador de nossas relações. A carta da irmã Lúcia ao bispo titular de Gurza, de 27 de maio de 1943, já citada, esclarece muito bem sobre o poder e eficácia sobrenatural da devoção aos Santíssimos Corações de Jesus e Maria:

“Os Santíssimos corações de Jesus e Maria amam e desejam este culto [para com o Coração de Maria] porque dele se servem para atrair todas as almas a eles e isto é tudo o que desejam: salvar as almas, muitas almas, todas as almas”. Nosso Senhor me dizia, há alguns dias: “Desejo ardentemente a propagação do culto e da devoção ao Coração de Maria porque este Coração é o ímã que atrai as almas para mim, a fornalha que irradia na terra os raios de minha luz e de meu amor, fonte inesgotável de onde brota na terra a água viva de minha misericórdia”.

Pondo toda sua confiança no Imaculado Coração de Maria, muitos católicos portugueses praticaram a devoção reparadora dos cinco primeiros sábados em favor de um próximo, grande pecador e bem afastado da vida cristã. Entre outros, este belo testemunho de uma senhora de Guimarães (norte de Portugal), publicado no boletim de agosto de 2001 da Cruzada Eucarística das crianças de Portugal: esta mulher conta que ela tinha um irmão repatriado de Moçambique, que era um revoltado e um blasfemador. Tinha abandonado a esposa legítima para viver com outra mulher, da qual tinha dois filhos. Para obter do Imaculado Coração de Maria a sua conversão, sua irmã fez por ele e em seu lugar, a devoção dos cinco primeiros sábados do mês:

“No começo de agosto de 1981, meu irmão estava muito mal. Quando lhe perguntaram se queria ver um padre, proferiu blasfêmias contra os padres. Como a doença se agravava, deu entrada em um hospital de Braga. Os outros doentes diziam que ele não tinha um momento de repouso, nem de dia, nem de noite e que não deixava ninguém em paz. Para grande estupefação de todos, em 18 de agosto de 1981, pediu várias vezes um padre. Dois padres vieram administrar os últimos sacramentos. Imediatamente depois que eles saíram inclinou a cabeça para o lado e morreu. Sem dúvida, foi o Coração Imaculado de Maria que salvou meu pobre irmão, que fora tão pecador. Não queria olhar para ele depois de morto, temendo ver seu rosto deformado como o tinha durante sua doença. Mas não pude resistir e me aproximei durante a missa, que teve lugar na capela do hospital. Ele não parecia o mesmo homem! Estava tão bonito, sorridente. Parecia que sua amargura se transformara em alegria”.

O que é preciso fazer

Uma alma cristã que deseje realizar perfeitamente a devoção reparadora dos primeiros sábados do mês deve fazer, durante cinco primeiros sábados consecutivos, na intenção geral de reparar seus próprios pecados e os de toda a humanidade, junto ao Coração Imaculado de Maria, quatro atos diferentes de piedade:

1 - A confissão, que pode ser antecipada, até mesmo mais de oito dias, se for impossível ou muito difícil se confessar no primeiro sábado. O mais importante é ter a intenção, se confessando, de reparar o Coração Imaculado de Maria. (É preciso também, naturalmente, estar em estado de graça no primeiro sábado do mês a fim de fazer uma boa e frutífera comunhão.) A intenção reparadora deve ser dita ao confessor? Irmã Lúcia nunca mencionou se é preciso dizer alguma coisa ao padre. Uma formulação interior, puramente mental, é suficiente. Nosso Senhor até mesmo acrescentou que aqueles que esquecessem de formular a intenção reparadora “poderão formulá-la na confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem para se confessar.” [8]

2 – Recitação do terço: Nossa Senhora, em Fátima, insistiu muito na recitação quotidiana do terço. Foi esse o único pedido que ela repetiu para as crianças em todas as seis aparições, de 13 de maio a 13 de outubro de 1917: nesse dia revelou aos pastorinhos sua identidade: “Sou Nossa Senhora do Rosário”. Não é, pois, de espantar que a recitação do rosário seja encontrada na devoção reparadora dos primeiros sábados . Além disso, como não existe oração vocal mais mariana do que o terço, convém que este seja integrado a essa devoção já que se trata de reparar as ofensas feitas à Nossa Senhora e a seu Coração Imaculado.

3 – Os 15 minutos de meditação sobre os 15 mistérios do rosário: Trata-se de “fazer companhia a Nossa Senhora durante15 minutos, meditando sobre os 15 mistérios do rosário, em espírito de reparação”. Isto não quer dizer que se deva meditar todo primeiro sábado sobre os 15 mistérios em sua totalidade, passando um minuto em cada mistério. Ao contrário, cada alma está livre para organizar seu quarto de hora de meditação como entender, desde que o objeto da meditação seja os mistérios do rosário. Algumas almas preferirão meditar o mesmo mistério durante vários primeiros sábados, outras um mistério diferente cada primeiro sábado, outras ainda três mistérios cada primeiro sábado (cinco minutos por mistério), etc. Sendo as almas diferentes umas das outras, é normal que tenham gostos e necessidades espirituais diferentes; é por isso que a Igreja sempre teve o cuidado de deixar aos fiéis uma grande amplidão para cada um organizar sua vida espiritual.

4 – A comunhão, que é o ato essencial da devoção reparadora. Para compreender bem toda sua importância, convém colocá-la em paralelo com a comunhão das nove primeiras sextas-feiras do mês, pedidas pelo Sagrado Coração em Paray-le-Monial e com a comunhão milagrosa dos três pastorinhos de Fátima, no outono de 1916: o Anjo da Guarda de Portugal deu então a esta comunhão um espírito eminentemente reparador, repetindo seis vezes com as crianças (três vezes antes da comunhão e três vezes depois) as palavras que são chamadas a segunda oração do Anjo:

“Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e vos ofereço o preciosíssimo Corpo, Sangue Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que ele mesmo é ofendido; e pelos méritos infinitos de seu Sacratíssimo Coração e do Imaculado Coração de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores.”

No contexto da atual crise da Igreja é certo que esta intenção reparadora toma uma nova dimensão: quantas irreverências, sacrilégios são causadas pela reforma litúrgica de Paulo VI: não apenas pela comunhão dada na mão, como também distribuída a todos os assistentes sem nunca lembrar a necessidade do estado de graça; pela supressão das marcas de adoração ao Santíssimo Sacramento, etc. Hoje, a comunhão dos primeiros sábados deve ser feita para reparar todas essas profanações.

Um último ponto importante: a prática da devoção reparadora em seu conjunto “será aceita no domingo que segue o primeiro sábado, quando meus padres, por motivos justos, o permitirem às almas.” [9] É pois, aos padres, e não à consciência individual de cada um, que Jesus confia o cuidado de conceder esta facilidade suplementar, tão misericordiosa. Por essa concessão, talvez Nosso Senhor fizesse alusão a estes tempos em que estamos, onde não é sempre fácil aos fiéis assistir à verdadeira missa no sábado. Em todo caso, esta disposição torna mais fácil a prática da comunhão reparadora para os católicos fiéis de hoje.

Disposições requeridas

É muito simples praticar a devoção reparadora dos primeiros sábados do mês. Está ao alcance de toda alma que põe um mínimo de generosidade na base de sua vida cristã, ainda mais que o Céu deu uma grande amplidão para a confissão e a comunhão. Infelizmente, muitas vezes, a ignorância, a moleza espiritual e a negligência se conjugam para afastar as almas, mesmo as mais fiéis, desta prática que, no entanto, é tão salutar, já que Nossa Senhora a ligou à perseverança final e à salvação eterna: “Prometo assisti-las na hora da morte com todas as graças necessárias à sua salvação.” [10]

A desproporção entre a pequena devoção pedida (os primeiros sábados de cinco meses consecutivos, uma só vez na vida!) e a graça prometida (a salvação eterna de sua alma) ilustra de maneira estrondosa o grande poder de intercessão concedido à Virgem Maria para a salvação de nossas almas: Nossa Senhora é verdadeiramente, em virtude de sua maternidade divina, nossa advogada e nossa medianeira junto ao coração de Deus. Padre Alonso, claretiano espanhol que foi o grande especialista de Fátima até sua morte em 1982, escreveu sobre este assunto:

“A grande promessa [da salvação eterna] não é nada mais do que uma nova manifestação deste amor de complacência da Santíssima Trindade para com a Virgem Maria. Para aquele que compreende isto é fácil admitir que a humildes práticas estejam ligadas maravilhosas promessas. Ele se entrega então filialmente à elas com um coração simples e confiante na Virgem Maria.” [11]

Em algumas linhas o Padre Alonso nos desvenda algumas boas disposições necessárias para fazer bem esta devoção:

- uma grande simplicidade e humildade de coração;

- uma devoção marial inteiramente filial e cheia de confiança.

O Menino Jesus, aparecendo à irmã Lúcia em 15 de fevereiro de 1926, nos dá a terceira disposição necessária:

- um fervor profundo.

Com efeito, nesse dia, irmã Lúcia dirigiu estas palavras ao Menino Jesus:

“Mas meu confessor dizia em sua carta que esta devoção não fazia falta ao mundo porque já havia muitas almas que vos recebia todo primeiro sábado, em honra de Nossa Senhora e dos quinze mistérios do rosário”.

O Menino Jesus lhe respondeu:

“É verdade, minha filha, que muitas almas começam, mas poucas vão até o fim; e aquelas que perseveram, não fazem para receber as graças que estão prometidas. As almas que fazem os cinco primeiros sábados com fervor e com o fim de reparar o Coração de tua Mãe do Céu me agradam mais do que aquelas que fazem quinze, sem ardor e indiferentes”.

Para falar agora da quarta disposição requerida para esta prática é preciso lembrar que o Céu nos pede cinco primeiros sábados de cinco meses consecutivos, e não nove, doze ou quinze. Porque este número? Lúcia perguntou a Nosso Senhor durante uma Hora Santa, em 29 de maio de 1930, em Tuy, e lhe foi respondido:

“Minha filha, o motivo é simples. Há cinco espécies de ofensas e de blasfêmias proferidas contra o Coração Imaculado de Maria:

1 – as blasfêmias contra a imaculada conceição da Virgem Maria;

2 – as blasfêmias contra sua virgindade;

3 – as blasfêmias contra sua maternidade divina, recusando ao mesmo tempo reconhecê-la como mãe dos homens;

4 – as blasfêmias daqueles que procuram publicamente por no coração das crianças a indiferença ou o desprezo, ou mesmo o ódio em relação a esta Mãe imaculada;

5 – as ofensas dos que a ultrajem diretamente nas suas santas imagens.

Ai está, minha filha, o motivo pelo qual o Coração Imaculado de Maria me inspirou para pedir esta pequena reparação”.

Como, hoje em dia, não pensar nos ataques à dignidade, aos privilégios, às honras devidas à Virgem Maria, perpetradas pelos próprios homens da Igreja? Lembremos o que se passou no concilio Vaticano II, onde, longe de definir a mediação universal e a corredenção de Nossa Senhora, como muitos pediam, os bispos progressistas conseguiram fazer rejeitar o esquema sobre a Virgem Maria para pô-lo como simples anexo no esquema sobre a Igreja e isto para agradar aos protestantes; triste concílio, onde nem mesmo um só texto cita o terço como devoção a ser encorajado junto aos fiéis. Seguiu-se uma diminuição considerável do culto mariano em toda a Igreja. A impiedade da nova religião para com Nossa Senhora é certamente para ser incluída na intenção reparadora daqueles que praticam a devoção dos primeiros sábados.

Notemos que as três primeiras espécies de blasfêmias que se trata de reparar vão contra três dogmas de fé definidos. Pode-se então acrescentar uma quarta disposição às três já citadas:

- convém fazer esta devoção reparadora com espírito de fé e para pedir a Nossa Senhora a insigne graça de conservar a verdadeira fé católica em nossas almas, até a hora da nossa morte, no meio da apostasia geral do mundo que nos cerca, nutrido por utopias malsãs, de revoltas e de impiedade.

Tomemos a peito reparar a honra de Nossa Senhora, tão ultrajada pela ingratidão dos homens e para isso utilizemos a devoção que ela mesmo veio nos indicar, pedindo-lhe com insistência e perseverança as boas disposições de alma para bem praticá-la.

Revista Le Sel de la Terre, nº 53

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

LENDO SANTA CATARINA DE SENA-"DIÁLOGO"

Santa Catarina de Sena

Carta No. 24 - ao cura Biringhieri Arzochi (A um sacerdote pouco exemplar)

"Sede, sede aquela flor perfumada que deveis ser; espargi o bom odor (2Cor2,15) na doce presença de Deus. Sabeis que a flor, conservada durante muito tempo na água, não exala perfume, mas fedor. A mim parece, pai, que vós e os demais sacerdotes deveis ser assim uma flor. Mas também essa flor, imersa nas águas iníquas e putrefatas dos pecados e misérias do mundo, não exala perfume, mas fedor. Oh, como é mísero e infeliz quem é posto na santa Igreja como flor, responsável pelos seus súditos! Vós sabeis que Deus os quer límpidos e puros. Infeliz de mim, infeliz de mim, venerável pai! É o contrário que acontece. Comportam-se de tal maneira, que não apenas são fétidos, mas também arruínam todos aqueles que deles se avizinham.

Acordai e não continueis dormindo! Já dormimos bastante, mortos para a graça. Não nos resta mais tempo, soou a hora da sentença, estamos condenados à morte."

O Diálogo - Palavras do Pai Eterno ditadas pela santa no momento mesmo dos êxtases.

"Volto a falar novamente dos clérigos e ministros da Igreja. Quero lamentar-me contigo sobre outros defeitos, dos quais ainda não falei. São aqueles vícios, que uma vez te mostrei na figura de colunas: a impureza, o orgulho e a ganância. Com eles, vendem até a graça do Espírito Santo! São vícios interdependentes e têm uma base comum, o egoísmo. Tais colunas, enquanto permanecem de pé, sem serem derrubadas pelas virtudes, tornam a pessoa obstinada nos demais pecados.
Como disse antes, todos os pecados nascem do egoísmo; o mais grave é o orgulho, que destrói a caridade. O orgulho conduz ainda a pessoa à impureza e à ganância. São esses os três laços que ligam os ministros maus ao demônio."

28.1 - A impureza

"Filha querida! Já tratei um pouco sobre a maneira como os clérigos mancham o corpo e o espírito na impureza. Para que conheças melhor a minha Misericórdia s sintas maior compaixão por esses infelizes, quero acrescentar quanto segue.
Há ministros tão endemoniados que, além de não respeitarem a eucaristia e desprezarem a dignidade que lhes dei, fora de si se apaixonam por determinada pessoa, e, não conseguindo realizar seus desejos, recorrem à magia. Usam então o alimento da eucaristia como instrumento para concretizar seus pensamentos desonestos e más intenções.
Relativamente aos fiéis, que deveriam pastorear e alimentar quanto ao corpo e quanto à alma, apenas os atormentam de diversos modos. Mas não vou me ocupar disso; não quero que sofras em demasia. Como te mostrarei numa visão, os fiéis são abandonados a caminhar sem rumo, desorientados, fazendo o que não querem. Se tentam resistir, sofrem terrivelmente na própria carne. Pois bem, qual a causa de tudo isso e de outros males que conheces e que não é preciso recordar, senão a vida desonesta dos clérigos? Ó Filha querida! atiram lama à minha carne que foi elevada acima dos anjos pela união em Cristo da natureza humana com a divina!
Ó homem abominável e infeliz! Não homem, mas animal, que entregas às meretrizes teu corpo, por mim ungido e consagrado, e que fazes coisas ainda piores! No madeiro da cruz, meu Filho, sofrendo, curou a ferida de Adão herdada por ti e por todos os homens. Com seu sangue,Ele medicou pecados impuros e desonestos! O bom Pastor lavou as ovelhas no seu sangue e tu manchas as ovelhas que são tão puras, tudo fazes para atirá-las à lama. Deverias ser um espelho de honestidade e és um espelho de impureza. Fazes justamente o contrário daquilo que realizou o meu Filho, pois orienta para o mal os seus membros. Permiti que os olhos de Cristo fossem vendados para iluminar os teus, e tu, com olhares impuros, atiras fechas envenenadas contra a tua própria alma e contra o coração das pessoas a quem olhas. Deixei que Ele bebesse fel e vinagre e tu, qual animal desnorteado, saboreias alimentos delicados, tratando o estômago como a um "deus". Sobre tua língua passam palavras desonestas e vazias, quando- por meio dela- devias alertar o próximo, anunciar minha palavra e recitar o Ofício Divino com os lábios e o coração; vejo-te a jurar e imprecar como um desequilibrado, até blasfemando contra mim; permiti que as mãos do meu Filho fossem algemadas para libertar-te, a ti e a todos os homens, dos laços do pecado; e tu usas as mãos ungidas e consagradas em vista da distribuição da Eucaristia, para toques indecorosos; todas as ações, nas quais usas as mãos, estão corrompidas e orientadas para o mal! Ó infeliz! E dizer que eu te pusera em tão alta dignidade para servir a mim e à humanidade! Foram os pés de Cristo transpassados pelos cravos, deles fazendo eu um degrau para que chegasses a contemplar os segredos do seu Coração. Transformei seu Coração numa dispensa, onde todos podeis experimentar o amor inefável que vos dedico; ali encontras o sangue, por ti derramado como purificação dos pecados, mas tu fazes do teu coração um templo para o diabo. Tua afetividade, simbolizada nos pés, só me oferece maldade, uma vez que te conduz unicamente a lugares de pecado.
Assim: ofendes-me com todo o corpo. Fazes exatamente o contrário do que fez Jesus, bem naquele ponto em que tu e os demais homens deveriam imitá-lo. À semelhança de instrumentos musicais, teus sentidos emitem sons desafinados, uma vez que as três faculdades da alma se "reuniram" em torno do demônio, em vez de o fazerem no meu ser. Tua memória deveria estar cheia com a lembrança dos meus favores, no entanto só contém desonestidades e muitos outros males; quanto à inteligência, era teu dever fixá-la mediante a fé em Cristo crucificado, de quem és, ministro, mas vaidosamente lhe deste por objeto os prazeres, a procura de altas posições sociais, a riqueza mundana; tua vontade haveria de repousar diretamente em mim, mas tu a fizeste amar as criaturas e teu próprio corpo. Tens mais amor aos animais do que por mim. Prova disso é a tua impaciência quando te privo de algo, e teu desagrado ante o próximo ao julgares que te prejudicou em alguma coisa. Quando o acusas, revelas que já perdeste o amor por mim e por ele.
Ó infeliz ministro, és sacerdote do meu grande amor! A ti foi confiado o fogo sagrado que é minha caridade divina, o abandonas por afeições desordenadas! Nem mesmo podes suportar, em nome dela, um pequeno prejuízo que te cause alguém."

(28.6.4 - Visão de Catarina sobre a impureza)

Virtudes sacerdotais

"Filha querida, disse tais coisas para que melhor compreendas a dignidade dos meus ministros e chores com mais amargor os seus pecados. Se os ministros meditassem sobre a própria dignidade, não viveriam em pecado mortal, não manchariam sua alma. Se eles não me ofendessem, se não pecassem contra a própria dignidade, se não entregassem até o corpo para ser queimado, mesmo assim não me agradeceriam suficientemente pelo dom que receberam. Neste mundo é impossível uma dignidade maior. São ungidos meus, meus cristos, postos por mim na função de ministros, flores perfumadas na hierarquia da santa Igreja. Nem os anjos possuem dignidade igual a esta concedida aos homens, na pessoa dos sacerdotes.

Coloquei-os como anjos na terra, e como tais devem viver. De todos os homens exijo pureza e amor; todos devem amar-me e amar o próximo; todos devem socorrer o irmão naquilo que lhes for possível com orações e obras de caridade, assim como já disse em outro lugar, ao tratar desse assunto. Mas dos meus ministros peço pureza maior, maior amor por mim e pelos homens. Que distribuam o corpo e sangue do meu Filho com grande desejo da salvação da humanidade, para glória do meu nome. Da mesma forma como eles querem limpo o cálice usado no sacrifício eucarístico, também eu quero que sejam puros os seus corações, suas almas, seus pensamentos. Igualmente seus corpos - instrumentos da alma - hão de ser possuídos em perfeita pureza. Não quero que se envolvam na lama da luxúria, nem que se mostrem inflados de orgulho na procura de cargos prelatícios ou cheios de rancor por si mesmos e pelos outros. A insatisfação pessoal costuma manifestar-se sobre os outros; quando impacientes, os ministros terminarão dando maus exemplos, não se preocuparão em livrar os homens das mãos do demônio, não se dedicarão com esforço ao ministério do corpo e sangue do meu Filho, não distribuirão a luz da eucaristia na forma explicada.

Filha querida, compreendes quanto o pecado contra a natureza me desagrada em qualquer pessoa; mas entenderás também que muito mais me desgosta quando é praticado por aqueles que escolhi para a vida de continência. Uns abandonaram o mundo e se fizeram religiosos; outros são diocesanos. Entre eles acham-se os ministros. Jamais entenderás como tal vício, cometido por eles, ofende-me muito mais do que quando feito pelos leigos em geral e pelos leigos consagrados. Os ministros são lâmpadas colocadas sobre o candelabro e devem iluminar pelo ministério eucarístico, pela virtude, pelo bom exemplo. Mas de fato espalham a escuridão. Vivem na escuridão. Por causa de sua soberba e impureza, nada entendem das Escrituras, a não ser em sua veste exterior, literária."
 
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